A onça, a tartaruga e o jacaré
A onça-pintada achava que era o bicho mais forçudo do mato inteiro.
O jacaré achava que era o bicho mais forçudo das águas do rio.
Quando a tartaruga passava no mato em busca de um pouco de comida, a onça dizia:
— Lá vem esse bicho lerdo, banguela, feioso, fracote!
A onça-pintada ria. A tartaruga passava sem dizer nada.
Quando a tartaruga chegava na beira do rio para beber um pouco d’água, o jacaré dizia:
— Lá vem esse bicho fracote, feioso, banguela, lerdo!
O jacaré ria. A tartaruga ia embora sem dizer nada.
Um dia a tartaruga teve uma ideia. Entrou no mato, procurou a onça-pintada e disse:
— Lerdo, banguela, feioso e fracote, nada! Sou muito mais forte que você!
A onça caiu na risada:
— Sai pra lá bicho banguela de meia-tigela!
Mas a tartaruga fez cara de ameaça:
— Olha que eu jogo você dentro do rio! Quer valer quanto?
A onça gritou:
— Tá apostado!
A tartaruga tinha um plano.
Foi, foi, foi e chegou na beira do rio. Chamou o jacaré e disse:
— Fracote, feioso, banguela, lerdo, nada! Sou muito mais forte que você!
O jacaré deu aquela risada cheia de dente :
— Sai pra lá bicho fracote feito pixote!
Mas a tartaruga fez cara de ameaça:
— Olha que eu jogo você dentro do mato! Quer valer quanto?
O jacaré gritou:
— Tá apostado!
A tartaruga foi correndo falar com a onça-pintada. Levou uma corda bem grossa.
— É hoje!
Mandou a onça amarrar a corda bem amarrada na barriga e explicou:
— Quando for a hora eu assobio. Você puxa e eu puxo. Se eu ganhar você vai pro fundo do rio. Se eu perder você me mata!
A onça gostou da ideia:
— Combinado!
Amarrou a corda na barriga e ficou esperando.
A tartaruga correu com a corda e foi até a beira do rio. Chamou o jacaré e fez a mesma coisa. Mandou amarrar a corda bem amarrada na barriga e esperar o assobio. Disse:
— Se eu ganhar você vai pro meio do mato. Se eu perder você me mata!
A onça gostou da ideia:
O jacaré gostou da ideia:
— Combinado!
Amarrou a corda na barriga e ficou esperando.
Foi quando a tartaruga correu para o meio do mato, subiu numa pedra e assobiou assim: fi fi ri fi fiu
A onça-pintada, lá no mato, começou a puxar.
O jacaré, lá no rio, começou a puxar
Uma hora, a onça fez tanta força que quase arrastou o jacaré por cima da terra.
Outra hora, o jacaré fez tanta força que quase arrastou onça- -pintada para dentro do rio.
“Eta tartaruga danada de forte!”, pensou a onça suada e assustada.
“Eta tartaruga danada de forte!”, pensou o jacaré assustado e suado.
De repente, a tartaruga gritou :
— Que moleza! Que fiasco! Assim tá fácil demais! Ainda não usei nem metade da minha força!
E começou a assobiar tranquilamente:
fi fi ri fi fiu
Ao ouvir o assobio folgado da tartaruga, a onça se apavorou e fez mais força.
Ao ouvir o assobio folgado da tartaruga, o jacaré se apavorou e fez a mesma coisa
No fim, foi tanta força, tanta força, tanta força que a corda esticada não resistiu e partiu no meio.
Com isso, a onça levou um tombo, ficou toda machucada e foi se esconder no fundo do mato.
Com o jacaré foi igual. Levou um tombo, quase que se afogou e foi se esconder no fundo do rio.
A onça gostou da ideia:
Os dois fugiram pensando:
— Nossa! Tá louco! Eu, hein? Não é que essa tartaruga é o bicho mais danado e forçudo da floresta inteira?
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